Fotografia não é para meninos

Fotografia não é para meninos.  A imagem tem um poder transversal sobre as pessoas. Dos temas indiscritíveis, há os mais improváveis dos quais quase sempre se fazem acompanhar por uma noticia ou texto sobre o projecto. À margem do que se diz e do que se ouve, a fotografia não é para meninos. Se há uma verdade absoluta, é que as imagens acompanham o homem para toda a vida. Pode-se não as conseguir ver e apenas escutar atentamente o que dizem sobre elas, mas elas existem por alguma razão e acima de tudo acabam por revelar a forma como quem as capta vê o mundo. Hoje, com as novas plataformas, formas de comunicar, e as demais tecnologias a que qualquer um pode aceder, a imagem para além de ter ganho destaque, também se vulgarizou e permitiu criar uma realidade que não é muito mais do que ilusória sobre a essência de uma fotografia. Tal como ao virar de uma esquina há sempre um café, sempre que navega-se no mundo da internet, encontra-se mais um blog catito que capta as belas fachadas daquela casa antiga, que eterniza aquele por do sol fascinante ou aquele arranjo floral que encontrou num mero acaso no outono, através da lente em modo automático. Hoje qualquer um pode tirar fotografias e considerar-se apto para tal. Hoje, qualquer um tem um tumbrl, um blog ou uma página pessoal onde a fotografia ocupa o papel principal. Também quase sempre, é acompanhado por uma escolha assertiva de determinadas palavras. No entanto, há por aí outras pessoas capazes de fazer ver o mundo numa outra perspectiva: "acrescentam olhos na cara e neurónios na cabeça" como diz Silvia Silva. É aqui que reside o verdadeiro poder de uma imagem. São estas fotografias que levam o ser humano numa viagem pela vida e se distingue da vulgarização que se apoderou da essência inicial. É aqui que se percebe que afinal a fotografia não está ao alcance de todos. Está muito mais para além da realidade que se julga adquirida. A entrega que faz parte, mesmo quando ela vem carregada de uma dor desmedida que fere a vista, está familiarizada com o facto de ter que se ter estômago para a coisa. Um campo onde ninguém sai vencedor...há muita coisa que escapa entre o momento, a entrega, e o disparo certo, e que se chama experiência nas ruas da vida. Aqui, a fotografia não é mesmo para meninos.